terça-feira, 4 de novembro de 2008

Porque é um crime não estudar Porter nos cursos de Economia e Administração

Este trecho diz tudo...
.... Diz tudo sobre a importância de se estudar mais (com exemplos práticos) as estratégias de posicionamento nos mercados com suas estruturas, em busca de Vantagens Competitivas, ao invés de estudar somente as estruturas...
....Diz tudo sobre entender porque alguns são mais bem sucedidos (até mesmo ao ponto de formarem um oligopólio) quando executam melhor as estratégias.
Enfim, porque é um crime não estudar Porter nos cursos de Economia e Administração...

============================================================
Valor Economico - 05/11/2008
============================================================
Os bancos brasileiros mostraram-se extremamente ágeis e competentes para se defender da onda de invasão de bancos estrangeiros que ocorreu nos anos 90, quando os ventos da liberalização sopraram com força na América Latina. O sistema financeiro argentino passou quase todo para instituições globais, que também ocuparam posições relevantes no Chile, Peru, Venezuela e México. No Brasil, entretanto, os grandes bancos globais, especialmente os espanhóis do Santander e BBVA, foram contidos em seu expansionismo por uma combinação de aquisições, inovação, investimentos e corte de custos executados pelos bancos domésticos.



Para o sucesso da expertise local contribuiu o enorme período de adaptação que os estreantes tiveram ao adquirir instituições falidas como o Bamerindus e o Econômico. O BBVA, que comprou o Excel - que já não conseguira digerir o Econômico - bateu em retirada do mercado nacional. O Santander patinou por um bocado de tempo até integrar negócios desiguais comprados em várias partes do país. A tacada mais certeira e sem risco foi a compra do Real, um banco bem posicionado, sólido e lucrativo, pelo ABN. O cenário competitivo mudou quando o Santander ficou com o Real.


A melhor defesa foi o ataque, parece ter sido a estratégia do Itaú. O Unibanco era um alvo difícil, mas até certo ponto previsível, e arrebatá-lo deu ao Itaú uma preciosa muralha de proteção e inúmeras vantagens. De uma só vez, bateu o Bradesco e o Banco do Brasil e se tornou o maior banco nacional.


Por outro lado, colocou grandes obstáculos no caminho de seus concorrentes privados, porque nenhuma das instituições que estão na parte inferior do ranking das dez maiores têm o porte do Unibanco, nem está tão bem enraizada em setores estratégicos. Com o Unibanco, o Itaú passa a ter uma formidável posição no mercado de crédito, de seguros, de gestão de recursos e corporativo.

O lance do Itaú definiu a cara da competitividade e concorrência do setor financeiro, pelo menos no curto prazo. Não apenas a concentração aumentou, mas as três maiores instituições privadas (Itaú-Unibanco, Santander-Real e Bradesco) e as duas estatais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, distanciaram-se muito dos demais bancos. Todos os cinco têm ativos superiores a R$ 260 bilhões e o sexto lugar no ranking é do HSBC, com R$ 97,5 bilhões.

A disputa pela liderança e por ganhos de escala, ao que tudo indica, passará pela compra de bancos menores, embora no pelotão de elite dos dez maiores. O banco Votorantim, o sétimo colocado, e o Safra, o oitavo, tornaram-se belos alvos a partir de agora. A Nossa Caixa deverá ser comprada pelo Banco do Brasil, e pouco se sabe sobre os planos do Citibank, o décimo no ranking. Atingido em cheio pela crise financeira, o banco planeja uma liquidação de ativos global da ordem de US$ 400 bilhões.