domingo, 14 de dezembro de 2008

Quando as estratégias competitivas destróem a vantagem competitiva (como a da escala e da clusterização), a "mão visível" do Estado pode ajudar...

GM e Chrysler se aproximam da falência e Casa Branca não decide o que fazer

http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/12/14/ult1767u136097.jhtm

Washington, 14 dez (EFE).- A Casa Branca ainda não decidiu de que forma ajudará sua indústria automobilística, enquanto o tempo passa para General Motors e Chrysler, que se aproximam da falência.O senador republicano Bob Corker, um dos principais negociadores republicanos, indicou que representantes do Departamento do Tesouro analisam hoje junto com diretores das montadoras como cumprir a promessa de não deixar afundar o setor."Acho que ainda não sabem o que vão a fazer", disse em entrevista ao canal "Fox News" o senador, que falou esta manhã com membros do alto escalão da Casa Branca. Sua declaração parece indicar que não é iminente um anúncio de ajuda por parte do Governo, concedendo cerca de US$ 14 bilhões a General Motors, Chrysler e Ford em empréstimos temporários para lhes ajudar a superar a crise.A General Motors, maior fabricante de automóveis do país, precisa de US$ 4 bilhões para terminar o ano e de outros US$ 6 bilhões para seguir operando durante o primeiro trimestre de 2009.A companhia anunciou que de janeiro a março sairão de suas linhas de montagem 250 mil veículos a menos do que o previsto, o que equivale a um corte de 30% de sua produção.A Chrysler, o terceira montadora americana, necessita de US$ 4 bilhões para poder sobreviver durante o primeiro trimestre do ano.Por sua parte, a Ford disse que não requer dinheiro por enquanto, mas solicitou uma linha de crédito como precaução se as condições econômicas piorarem.Os defensores do resgate do setor pressionaram hoje a Casa Branca para que atue."Já estamos em uma recessão profunda", advertiu o senador democrata Sherrod Brown no canal de TV "CBS" e a quebra das empresas automobilísticas "nos afundaria ainda mais em um buraco do que demoraríamos muito a sair", afirmou.Por sua parte, seu colega democrata Carl Levin destacou no mesmo canal que outros Governos já deram empréstimos a seus fabricantes. "Nenhum outro país está permitindo o colapso de sua indústria automobilística", disse.Brown se diz otimista de que a Casa Branca escutará os pedidos, pois o presidente George W. Bush não vai quer deixar a quebra do setor "como seu legado".O departamento do Tesouro assinalou na sexta-feira que o Governo "está pronto para prevenir uma quebra iminente" e a Casa Branca disse que permitir a quebra seria "irresponsável".O Governo indicou que poderia usar fundos do programa de resgate financeiro de US$ 700 bilhões para ajudar as empresas do automóvel, o que significa uma mudança de postura, pois antes tinha insistido que esses recursos eram apenas para escorar os mercados.Aparentemente, também admite a possibilidade de usar a caixa do Federal Reserve (banco central americano) para estender os empréstimos às empresas.A dificuldade maior está nos termos que o Governo dará às companhias como contrapartida para o uso dos fundos.Corker ressaltou que, segundo ele, a Casa Branca deveria manter a proposta apresentada nesta semana pelos senadores republicanos, que contemplava uma reestruturação da dívida e uma redução da remuneração dos trabalhadores.O projeto legislativo para ajudar aos "Três grandes de Detroit" morreu no Senado porque os líderes republicanos se recusaram a votar a não ser que os sindicatos realizassem imediatamente grandes concessões."Não queriam um acordo", espetou a senadora democrata Debbie Stabenow, de Michigan, estado com maior concentração da indústria automobilística do país."Eles seguiam uma agenda política ao tempo que a economia está à beira do abismo", denunciou a senadora em entrevista à emissora da TV "Fox News".

Porter - Vantagem Competitiva (das empresas e nações)

O trabalho de Porter em “Vantagem Competitiva das Nações”, resultante de seu programa de Doutorado em Harvard, propôs os conceitos de estratégia que tentaram lançar algumas novas bases para o estudo de disciplinas acadêmicas (em Administração e Economia) como “Planejamento” e “Estratégia”. Nesta obra, seqüência de um trabalho iniciado quase uma década antes, propôs a análise um setor (referido genericamente como “indústria”, no jargão econômico), em um país, em torno de cinco forças competitivas; e as duas “fontes genéricas” de vantagem competitiva para esse país, por meio de suas empresas: diferenciação e baixo custo. No livro, Porter procurou então adaptar (em uma aplicação prática) essa análise aos países, em um modelo teórico (considerado, então, inovador) que ajudaria na compreensão da posição comparativa daqueles países na competição global. Esta modelagem também ser utilizada para as regiões geográficas internas de um país onde as empresas competem, por meio do conceito do “modelo do diamante”.

Na primeira obra da série, Estratégia Competitiva (Competitive Strategy, 1981), o autor tinha proposto a análise das bases da competição, e definiu as cinco forças competitivas, que são: Rivalidade entre os concorrentes; Poder de barganha dos clientes; Poder de barganha dos fornecedores; Ameaça de novos entrantes; Ameaça de produtos substitutos.

Esta visão do autor implica em que o alvo final da estratégia competitiva é exatamente a tentativa de enfrentar (e até modificar) estas regras no curso da direção das companhias. Em qualquer setor / indústria, seja ela interna ou externa, deve-se ofertar um produto ou um serviço com uma atitude aderente às regras da concorrência estão englobadas em cinco forças competitivas: a entrada de novos concorrentes, a ameaça de substitutos, o poder de negociação dos compradores, o poder de negociação dos fornecedores e a rivalidade entre os concorrentes existentes.

O autor indica somente possível criar esta Vantagem Competitiva, de modo a estabelecer e sustentar um desempenho superior, por meio de 3 ações específicas: entregar um produto ou serviço mais barato; fazê-lo de modo diferenciado, melhor e diferente do que a concorrência; estabelecer o domínio de um nicho de mercado especifico.

Porter era descrente quanto à capacidade de várias empresas fazerem as 3 coisas ao concomitantemente (e nem mesmo 2) em busca dessa vantagem competitiva. No caso, a estratégia a ser escolhida por determinada companhia dependeria de uma espécie de “classificação” (também inovadora) dessas companhias, que poderiam ser: globais, fragmentadas, emergentes, maduras ou em declínio.

Outro elemento central que a obra coloca é o conceito das net values: por tal teoria, toda empresa se apresenta, na verdade, como uma “reunião de atividades” que são levadas a cabo para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar o produto. Estas ações podem ser empreendidas por essa “cadeia de valores”, composta, no mínimo, por 5 atividades essenciais: a logística interna (todos os compostos necessário para produzir), a produção em si, a logística externa e o composto de distribuição-marketing- pós-venda.

O conjunto dessas atividades básicas, na visão do autor, é suportado por outras que seriam secundárias (no interior das mesmas cadeias), mas não menos importantes como elementos de definição da competitividade. Cada uma das companhias possui, então, a sua própria “cadeia de valor” que determinaria a sua diferenciação diante das outras, e a chamada “otimização” desta cadeia seria exatamente a determinante do sucesso de sua estratégia diante das concorrentes.

No caso da teoria ampliada em “Vantagem Competitiva das Nações”, todos estes axiomas seriam válidos para os países, com o acréscimo de que, no contesto das nações, formar-se-ia um “Sistema Nacional de Valor”, representado pelo que chamou o “modelo do diamante” das forças de competição, que são as somas das forças das empresas, composto de: rivalidade doméstica (quanto mais extrema, melhor); recursos econômicos existentes (e sua forma de aproveitamento); infra-estrutura (incluso, notadamente, o padrão educacional dos cidadãos); e o fenômeno do “agrupamento” (“clusterização”) - concentração de empresas relacionadas entre si, numa zona geográfica relativamente definida, que configuram um pólo de produção que se especializa exatamente nas vantagens competitivas, como o Vale do Silício, na Califórnia, e suas milhares de empresas de tecnologia.

Para o autor, a clusterização é um fator de “retroalimentação” da vantagem competitiva, pois nas regiões onde ocorrem as empresas têm à disposição vários benefícios de economia de escala, ao atrair trabalhadores qualificados.